ALEGORIA
Tem coisas que sei de cor,
outras precisam doer por mais tempo.
Escrevendo tinjo de cores novas
o que dificilmente é colorido.
Nos tortura o desaterro onde insistimos florescer.
Se acaso por conta de uma sombra triste quase desisto
e o mundo se revela pesadelo, releio no quadro vivo que invento
as cores vibrantes que guardei e o milagre acontece:
das cinzas dos versos tristes doloridos de alegria
surge nova paleta de cores sobre tal desaterro.
Por graça e obra pressinto cobrir-me de alegoria
e o que por um momento acomete toda gente
por um instante de agonia surge a consciência
de estar em harmonia e posso seguir em frente.