Da Cana...Do Bagaço
(Nesses 35 anos de solitárias corridas matinais (às vezes) percebo que não corro sozinho).
Por correr com o cheiro doce (e por ficar)
adoça-se, ligeiro, o que salgado fica :
o ir sem paradeiro, a suar feito bica,
do corredor doceiro com salso paladar.
Por ser um pobre vedor numa manhã tão rica;
na verdura do olor...açúcar pro olhar,
não vê doçura na dor do adoçante dar;
só o aço do trator que, adoçado, pica.
Mas o doce melhor não vai pra pele...pro aço
(no picante suor...na insossa guilhotina);
recrudesce ao redor da morte matutina
(verdugo, no corte, da cana - quando eu passo)
um doce mais forte pro meu suado bagaço
que corre sem norte : cana de sal sem usina.
Torre Três
02/07/2017