Aviso:
Não me olhes assim,
Cheio de mar olhos!
Não sabes o que trago.
Não imaginas de onde venho.
Cuidado ao tentar singrar
Meu oceano pacífico
Que, por dentro,
Ah, por dentro...
Contém turbilhões,
Redemoinhos reprimidos,
Tsunami represado.
Vem a nado, devagarinho,
Parando para respirar.
Prepara-te:
Vou tentar te sufocar,
Lamber teu corpo, teu sal,
Deixar-te tonto
Sem respirar entre meus beijos,
Atordoado, querendo mais...
Nas minhas ondas de gozo
Vais urrar feito animal.
Nesse momento,
Vou te arrastar
Para a caverna abissal.
Repito: Cuidado!
Pois chego do deserto:
Sequei lágrimas ao sol,
Rastejei por areias movediças,
Corpo sedento,
Mergulhos em miragens...
De repente, mar!
Tuas mãos,
Teu peito,
Teus pelos,
Tua voz.
Ânsia de prazer...
Queres matar esta sede?
Estou avisando...
Não me olhes assim!
(Verônica - 01/07/2017)