I
Dormindo eu vi...
 
Eram dois meninos másculos
de calçados gastos e...
 
Olhares exaustos.
 
Um deles me pediu dinheiro
Enquanto o outro me cercava.
 
Eu estava desarmado
e de tanto que sou amado
Prezo por minha vida
 
E tive medo...
 
Eles pediam meu dinheiro
lhes dei, querendo sair inteiro.
 
O cano frio ficou à mostra
E minha dama, de medo exposta...
Agarrou minha mão como se fosse uma tocha
 
Cravando em minhas digitais
suas unhas grossas.
 
Levado para um canto escuro
de repente tudo virou
a pura e bruta, luta selvagem
 
 
Onde um deles sangrou
em desvantagem .
 
“Onde estou?”
 
II
Senti-me preso na cama
pensei estar acordado...
com minha princesa no quarto ao lado
 
Mas as estantes não eram as mesmas
Uma voz onipresente realçou por todo lado.
 
Perguntou de uma vez por todas
Se sou mal ou se sou bom
clamou que eu escolhesse um logo lado
 
E um quadro na parede, com o rosto de um velho...
De repente se mexeu, me deixando atormentado.
 
“Deus...?” Perguntei...
Mas Deus não me respondeu.
 
“Satanás...?” Perguntei...
Mas Satanás não me respondeu.
 
Estou só nesta vigília...
 
III
Ninguém pode SER...  Por mim!
Devo sozinho seguir a trilha.
 
 
Negros meninos bandoleiros...
 
Cano em punho, negro arteiro...
Não mata só por dinheiro.
 
O sol há de nascer
sempre ordeiro...
 
Pondo a mentira... Na mentira.
O sonho... Sei não!
 
A verdade... Na cortina.
O Sonho... Sei não!
 
 Em nossas frentes, para sempre...
O tabuleiro da vida!
Jogando sempre, sem descanso...
 
Uma carta.