Assim de improviso

Uns poemas foram ficando pelo caminho,

Caíram, apodrecidos e jazem esquecidos

E eram como frutos perdidos de meu ventre.

As palavras outrora gritantes se quedaram mudas,

Absurdas no abismo do silêncio mais estranho

Bem na hora de gritar, esquecer todos os gritos de antanho.

E uma fúria sem tamanho, de repente, enjaulada, inerte.

Aquela indignação assassinada, estatelada no frio chão

da alienação e do esquecimento.

Eu olho outros tempos, outras palavras, outros poemas,

outras pessoas em outras estradas, outras jornadas.

E as pessoas hoje caladas, estagnadas, hipnotizadas,

é este um dizer nada sobre tudo e qualquer coisa que seja,

qualquer coisa que seja um pouco menos pior que isto

entregar até o que nem temos, nem saber o que tememos.

Assim de improviso eu choro

Deploro o choro que nem é de medo,

é de uma vontade de luta que já nem temos,

de um se acostumar com isto que sofremos,

e nem sabemos mais o que pensar ou sentir,

sabemos apenas mentir, isso não é comigo,

amigo, isso não é com você nem comigo,

pois nem lembramos mais o que somos...

esses frutos perdidos do meu ventre, apodrecidos,

enfeitando a tristeza do caminho que não trilhamos,

de alienação e esquecimento, das palavras mortas

e deste abismos de nossos mortos sentimentos.

(30/06/2017 - 12:26)

Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 30/06/2017
Reeditado em 06/02/2021
Código do texto: T6041711
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