OS ATOS INSANOS.
Me detenho ao agora,
esse tempo meu,
luzes no meu espaço escuro,
atalho do meu eu,
lampadas demoniacamente
apagadas,
neste lapso de desilusão,
comeram o que há
dos meus dias,
nesta repleta depleção
neandertal,
cortaram-se linhas de
esperanças,
nestas ufólogas expectativas,
cortaram a cebola,
separaram as classes,
arderam minhas percepções,
prepararam o aposento
aos idiotas,
para seu sono na escravidão,
querem reluzir pedras
em ouro,
para saciar
a fome dos desavisados,
e no jogo pífio do poder
geme a carne retalhada,
tudo desertou-se de mim,
não vejo o sorriso das auroras,
nem o leve vento da poesia,
meus rios secaram
em plenas cheias,
enquanto lá fora, ouço
o tudo transformar-se no
nada, como as dunas
se desfazendo nas mãos
do vento.