Fuga

Eu queria ser um escritor,

mas eu só posso escrever.

- o que praticamente qualquer um pode fazer.-

qualquer retardado com uma caneta pode jogar palavras no papel...

mas elas ainda precisam fazer sentido.

Eu tenho falhado como homem,

como profissional

e tenho falhado como escritor.

Lá no fundo eu sei,

tenho feito tudo errado desde o começo,

mas há um lapso de razão, uma luz distante,

que se acende dentro de mim

de vez em quando,

e as palavras começam a se juntar

de um jeito quase real e vivo.

Mas são momentos, diluídos

em quase uma eternidade de pensamentos e ações desconexas,

de palavras fora do lugar

sem qualquer coerência.

Talvez eu esteja tentando ser algo que eu não nasci para ser,

Não dá pra voar se você não tem asas,

dá pra cair, gloriosamente

ou não.

mas o chão está lá embaixo, esperando.

Eu não queria ser muita coisa,

não faço questão de muito,

mas o pouco que eu quero parece sempre fora de alcance.

-Eis minha jornada moral nessa encarnação-

Mas estou cansado,

exausto

de fingir que está tudo certo, quando não está.

e tenho, sempre que posso,

procurado refúgio com as palavras,

Uma fuga de mim para o papel...

que no fundo, eu sei,

não tem dado muito certo

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 27/06/2017
Código do texto: T6038736
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.