Saddam...
Saddam...
Ganhei ele era bem novinho, com poucos dias de vida, minha filha que já era nascida, me ajudou a escolher o danado, logo pensei que os dois, iam crescer lado a lado, sendo amigos para sempre.
Era um cachorro diferente, desses que a gente jamais esquece, meu corpo até estremece de lembrar desse bom amigo, que por anos esteve comigo me alegrando com a sua companhia, e assim passaram-se os dias.
O cachorro me obedecia, parece que ele entendia cada gesto, cada palavra, comigo nunca rosnava, mas com ou outros era bravo, coisa incrível de se ver, parece que queria me proteger, dos perigos dessa vida.
Conhecia o ronco do carro, quando eu ainda estava na esquina e na sua sabedoria canina, se preparava para o nosso encontro, me pulava, me saudava, como se fizesse muito tempo, que a gente não se encontrasse, e por mais que eu não gostasse, era assim sempre que me via e de alegria até me abraçava, quando recebia um carinho.
Doze anos ele tinha, naquele final de dia, já quase noitinha, eu fui levar a ração, que meu amigo tanto gostava e naquela mesma noite gelada, ouvi já de madrugada um barulho estranho no canil, chovia e fazia frio, pensei que não era nada grave, mas quando no cadeado pus a chave vi meu amigo no chão, caído e sem reação a chuva a escorrer no seu pelo e eu tomado pelo desespero sem saber o que fazer, vi meu amigo morrer sem poder fazer mais nada.
Restou a casinha abandonada e um grande canil vazio e para falar a verdade até hoje ainda sinto um arrepio, quando lembro desse grande amigo que me ensinou a ser forte e jamais temer os perigos, da vida que a gente leva.
Nunca mais tive cachorro, não sei se por medo ou piedade, o que eu sei na verdade, é que jamais nesse mundo, deixei de pensar um só segundo, no meu cachorro Saddam, pode ser que amanhã eu possa até mudar meus planos, mas depois de todos esses anos, sinto a falta dele aqui, porque jamais me esqueci de tudo o que me ensinou, e certamente parte do que sou, eu devo a essa convivência que tive, com esse cachorro querido, que jamais será esquecido, passe o tempo que passar,
pois sei que não vai se apagar, o quanto ele me queria bem e de minha parte também, do cachorro que me ensinou o verdadeiro significado da palavra gostar...
Adilson R. Peppes.