Lamentos para os dias de verão
vejo o sol que se coloca
à frente da tua cara
pontilhando minúsculas
estrelas prateadas
em teu rosto
em teus cabelos de noite
uma sombra cumprida
que se estende
em abraço de serpente
ferro frio na garganta
e desencontro
eu tenho medo
vejo as plantas que se movem
de joelhos ao teu desejo,
súdito e irmão da primavera
o seu corpo: tronco sólido
sinaleiro dos navegantes
aventureiros de outras terras
e do teu fruto quase maduro
à florescer pelos deserto
e eu tenho medo
vejo o mar que corre
ao teu encontro, palácios
de maravilhas às tuas praias,
um príncipe santíssimo
nascido da espuma
e banhado pelo sol de junho
à iluminar a tua cara,
vento e areia interminável,
as plantas todas dispostas em cor
a coroar teu cabelo de anjo,
um sonho travestido
em luz e verão
e eu ainda tenho medo.