O ÚLTIMO ATO

O ÚLTIMO ATO

JB Xavier

Deito-me sobre o silêncio

E forro o leito com ecos agoniados

Enquanto desfruto das estrelas...

No horizonte distante desta escuridão,

Flui uma réstia de luz,

Um arremedo de esperança,

E uma melodia distante

Convida à suave dança

Onde, sobre o tablado dos sonhos desfeitos

Giram a tristeza e a agonia

Sem o vislumbre de que outro dia

Surja no umbral da eternidade.

Há somente uma espera desencontrada,

Uma esperança cansada,

Um lamento

E o triste murmúrio do vento

A despedir-se desta noite tormentosa

Plena de ocasos,

E de lamentações...

Não foram poucos os poemas

Que a ti dediquei,

Nem menos foram

os momentos em que gritei

chamando teu nome

no silêncio do meu coração...

Deus...como foram vãos

Os momentos a ti dedicados

Como foi triste o momento

Em que os holofotes desta peça

Foram apagados,

E somente a escuridão

Reinou no palco vazio...

Restamos eu e estes silêncios inquiridores

Como os únicos atores

Da grandiosa peça que pretendeu

Representar a grandiosidade da vida,

Sob a grandiosidade do amor...

Depois a pungência de uma dor

Repercutiu no gemido da alma em chama...

Um coração que por ti clama

No desespero do desmoronar do sonho...

E sob os holofotes apagados,

Continuo a representar, deitado

sobre o silêncio,

ouvindo os ecos agoniados

Enquanto da alma goteja a dor,

Na triste brincadeira que faz o amor

Ao me forçar a seguir sorrindo,

Por entre a dor que me mantém chorando...

E na escuridão do palco,

Ao ver meu sorriso, assim,brilhando

A plateia continua aplaudindo...

* **

JB Xavier
Enviado por JB Xavier em 25/06/2017
Reeditado em 25/06/2017
Código do texto: T6037331
Classificação de conteúdo: seguro