O ÚLTIMO ATO
O ÚLTIMO ATO
JB Xavier
Deito-me sobre o silêncio
E forro o leito com ecos agoniados
Enquanto desfruto das estrelas...
No horizonte distante desta escuridão,
Flui uma réstia de luz,
Um arremedo de esperança,
E uma melodia distante
Convida à suave dança
Onde, sobre o tablado dos sonhos desfeitos
Giram a tristeza e a agonia
Sem o vislumbre de que outro dia
Surja no umbral da eternidade.
Há somente uma espera desencontrada,
Uma esperança cansada,
Um lamento
E o triste murmúrio do vento
A despedir-se desta noite tormentosa
Plena de ocasos,
E de lamentações...
Não foram poucos os poemas
Que a ti dediquei,
Nem menos foram
os momentos em que gritei
chamando teu nome
no silêncio do meu coração...
Deus...como foram vãos
Os momentos a ti dedicados
Como foi triste o momento
Em que os holofotes desta peça
Foram apagados,
E somente a escuridão
Reinou no palco vazio...
Restamos eu e estes silêncios inquiridores
Como os únicos atores
Da grandiosa peça que pretendeu
Representar a grandiosidade da vida,
Sob a grandiosidade do amor...
Depois a pungência de uma dor
Repercutiu no gemido da alma em chama...
Um coração que por ti clama
No desespero do desmoronar do sonho...
E sob os holofotes apagados,
Continuo a representar, deitado
sobre o silêncio,
ouvindo os ecos agoniados
Enquanto da alma goteja a dor,
Na triste brincadeira que faz o amor
Ao me forçar a seguir sorrindo,
Por entre a dor que me mantém chorando...
E na escuridão do palco,
Ao ver meu sorriso, assim,brilhando
A plateia continua aplaudindo...
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