RECORDANDO
RECORDANDO
O chão era de terra
Os pés andavam descalços
A cabeça nas nuvens
O mundo um quarteirão
O campinho um tesão
O pé calçado um passo (doble)
Ou um Kichute ( no saco )
Não poder ir descalço
A aula um silêncio
O recreio um dissenso
Um cuspe pra lá
Outro pra cá
Uma briga apartada
Uma bolinha roubada
E o sinal enfim
Hora de voltar pra casa
Pé no chão
Arroz com feijão
Banana com pão
Lição ( de casa )
Bola de capotão
Duas pedras e um gol caixote
E o correr liberto
Marcar um gol esperto
Até o “é hora de entrar”
Que merda banho tomar
Um livro pra sonhar
E acordar no dia seguinte
Como um radiouvinte
E cenas imaginar
Até calçar de novo os pés
Tomar um leite com café
Um pedaço de pão amanhecido
E ir estudar o desconhecido
De novo no grupo escolar
Responder presente
Estando ausente
“Ter raiva do nome começado com A”
“De Arnaldo queria me chamar Zoroastro”
No silêncio
E acordar no inferno
Quando ouvia
Fulano na lousa
Aí pegava a cousa
No coisinho
Que queria sair de fininho
Antes do final
Fessora posso ir lá fora
Ir embora
Voltando com a orelha ardendo
E sem poder podendo
Escrever 100 vezes
“Não devo ir embora da escola”
E pior de tudo
Ficar engaiolado sem bola
Que sofrimento
Ainda bem que são outros os tempos
Mas bem que noutros tempos
Não existia a saudade
Que hoje é “presente” e verdade