VEM

Tocada nesse pensamento antediluviano,

a alma estóica ignora riscos da vetustez,

fitando as estrias desse estroma insano,

rasga o ar, com viço, um de cada vez...

No ouvido soa como broto, um rebento

esgarçando de alegria a pele já curtida,

arranhões que dispensando unguento,

são saudáveis na face não esquecida.

Inquieta, rasteja vestígios, fareja marcas,

busca sinais traduzidos no abstrato "vem",

ora serena, vezes aflita, se auto maltrata,

na busca alucinada, sombras não contêm.

No furor da angústia só um "vem" cura,

gira, rodopia no mesmo lugar, em vórtice,

em delírio, vendo imagem nua, sem óbice,

falsos lábios profanam a insidiosa tortura.

Crê que cria perfeita não se aperfeiçoa,

mas, o nascido imperfeito se aprimora,

esquadrinha o tom, um "vem" que soa.

Não é hora de parar, nem de ir embora.

JOSE ALBERTO LEANDRO DOS SANTOS
Enviado por JOSE ALBERTO LEANDRO DOS SANTOS em 23/06/2017
Reeditado em 15/03/2018
Código do texto: T6035499
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.