Pela vida, vou passando, de mão em mão
de sorriso a sorriso
entre cálidas e doces seduções.
Vou sendo conveniente a todas as mulheres
que nada me dizem
nem consultam minhas emoções.

Sou um símbolo descartável
homem de segundas-feiras
atraído pelo cheiro das fêmeas perpetuo meu cio
vagabundo cão
repouso o pelo sobre as esteiras
que cobrem o chão do meu certo desvario.


E quem me convence que erro?
Ninguém me diz nada!
Vou seguindo, patético,
pela estrada
até ser atropelado pelo abandono...

E como cão, a seguir retomo
o cego amor pelas senhoras caprichosas
invento uma estória, onde, ao final,
tombo
ante o olhar de mil medusas pavorosas.


* poema escrito em 1989