Vidraçaria

Toda a janela enorme que vejo tristemente

é um pedaço de chão transparente:

quem são, além-vidros,

Poderão sentir o sabor do musgo?

Poderão ver as manchas do vidro?

que alguma mão deixou, escorregadia,

ou como para forçá-lo:

manchas, como nuvens, formando desenhos,

modificando a teoria da retina.

Ainda morro! Se eu vejo

tudo isso e não vejo nada...

Como posso andar entre a gente (e cumprimentá-los... cumprimentá-los!)

Como posso ver alguém como alguém que é (somente)?

Ainda morro! Ainda os vidros não serão mais vidros:

Ainda o musgo cobrirá as paredes, escorregadias,

E toda a gente que passa gritará:

Adeus, ó, Esteves!

Dan Oliveira
Enviado por Dan Oliveira em 20/06/2017
Código do texto: T6032966
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