Por que me sinto deste modo

Por que me sinto deste modo

Que, alienado, não se enxerga?

Desde a infância, aonde olho

Sempre só vejo cousa incerta!

Maior perigo está no espelho,

Onde me vejo sem me ver;

Já tomei tanto do veneno

Que desconheço o próprio ser.

Eu não sei mais quem fora ou sou

E nem sei mais se um dia fora,

Mal reconheço o que restou,

Acho que vivo numa bolha.

Eu só desejo ser tranquilo

Em algum lugar que seja quieto,

Mas o univero é meu castigo,

Minha prisão é ser tão lerdo.

Porque me sinto deste modo

Que, alienado, não se enxerga,

Eu me derrubo os pés no solo

E me arremeço desta Terra.

Não sei ver verde ou ver azul,

Tampouco sei ver o normal,

Hoje me encontro um pobre mu

Sozinho e nu, cedendo ao mau.

Alguém me pegue deste corpo

E para outro me acolha,

Antes que eu fique in loco louco

Por ter nenhuma outra escolha.

20/6/2017

Malveira Cruz
Enviado por Malveira Cruz em 20/06/2017
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