Antonio Conselheiro
Volte Antonio Conselheiro,
E mostre a este povo que suas palavras e atos não foram em vão,
Livre da ignorância, pessoas que vivem em exclusão,
Não sabem a importância do voto, os trocam por migalhas de pão.
A seca que em seu tempo afligia,
Continua a arder no sertão,
Água só aos coronéis,
Para irrigar a plantação.
O teu povo ainda tem fé,
Acredita em um Deus bom,
Mas necessita de teus conselhos,
Para sair da atual situação.
O sertão ainda não virou mar,
Nem tão pouco o mar em sertão,
Mas recortarão o Velho Chico,
Tentando amenizar a situação.
Foi obra de Faraó,
Anos e anos levou,
E também muito dinheiro,
Dando a impressão que não só o rio desviou.
O progresso aqui não chega,
Muita coisa ainda não mudou,
A terra ainda rachada, a fome continua braba.
A república cresceu, parece até que multiplicou,
Arrecadam ainda mais dinheiro, beneficiam posseiros,
E o pobre trabalhador?
Tua Canudos se foi,
Dela nada restou,
Nem o sangue derramado,
Águas de um açude encobriu,
O que a mão não lavou.
Deus,
Louvado seja Nosso Senhor,
Traga novamente Antonio Conselheiro,
Para ajudar o povo brasileiro,
Que alienado ficou.