UM POEMA DE AMOR PARA UMA VIDA SEM AMOR
vi, ouvi,
meus músculos da cara em alegria
eu sorria ou ria.
foi como duas luas,
ou dois faróis de neblina
cortando a névoa
que nunca tem em Salvador
a manhã amanheceu,
o dia acordou nos seus olhos:
os sinais, os semáforos, as sinaleiras
eram multicor,
funcionando incólumes
tanto fazia se noite ou dia
a moça do mingau estava lá,
e eu perguntei se tinha mingau de quê
mesmo sabendo que tinha
mingau de milho.
muito quente, no copo plástico,
pra tomar devagar
[enquanto observa a vida correr]
ouvi, eu vi
sua voz inaudível e agradável,
seu silêncio que não existe
a confusão de seus mil assuntos
aleatórios, seguidos, emendados
enfeitados de risos