De outro tempo
Sinto a penumbra esvoaçante
Da noite velada num raio sem memória
Minha alma segue pela viela escura
Na angustia atrevida do meu pensar
Que se aproxima dos sonhos
No ato que acaricia o olhar
Fico entre o temor e a dúvida
Na madrugada que goteja em essência
Pelo tempo que desliza na cama
A solidão pulsa em estágio letárgico
Passo pelo real em busca do sonho
Pelo desejo que embriaga
No grito do silêncio o meu canto
Que vem de um anseio farto
E na medida que o tempo se atreve
O amor perpassa na primavera
Fico à toa e sem esperança
Vejo a lua nua no escuro
Do meu olhar que cala desejo e forma
Na promisquidade santa
Das horas cansadas
A solidão ocupa todo espaço
E agita a virtude singela
Na seletiva paisagem que passa
O seu corpo pulsa em outro corpo
E entra pelo sonho que se atreve
Fazendo dourar o silêncio
Pelo espelho de outro tempo
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NoDerivatives 4.0 International License.