FRAGILIDADE
Não cria eu que minh’alma
Estabilizar-se-ia em tamanha fragilidade.
Que a faculdade de que me mantinha
Regozijaria, minha vergonha,
Com sagaz ironia,
Debochava minhas sandices
De um coração cansado,
Teimosia
De uma dor latente,
Idolatria.
Ah, se o absurdo me permitisse,
E me provesse de um audaz inebrio.
Não que depressivo me mantenha.
Eis que surge, então, uma sombra
Ferida, comprida e incontida,
Quiçá seja intransigente.
Ao passo que a noite me traga
Sangra de saudades abissais
E dos ais que delas exalavam
Adestravam –se as facetas que eu era.