SURREAL

Não sou sólido,

às vezes, vazo,

às vezes, entupo,

faço sujeira.

Posso ser explicado

pelas estrelas,

pelos mamutes,

pelos desenhos cegos.

Não me camuflo

nas crenças,

nos espelhos,

nos currais.

Pela dualidade

das paralelas,

permito curvas

nos meus movimentos

retrógrados.

Não acendo

pavios

de pontos finais,

de vaidades,

ou ideologias.

Acendo fogueiras

do surreal,

me queimaria todo

nas orgias

das fogueiras

de Beltane.

E me tatuaria

com o cio quente,

e a nudez

do meu amor.