A UM NARCISO


Estás mesmo perdido, tu, que nada buscas?
(Yves Bonnefoy)

 

Posar, que a lente espera
o seu sorriso,
por expediente ou tique
 
– é cedo, ainda, e ao medo
apraz vir travestido e pelo visto
o dia nem pressente
 
o cinza por sentença no imprevisto.
 
Convém calar do que o constrange
ou faz
tremer a imagem sem retoque
oferecida ao outro,

o semelhante,
o anônimo à procura de vazios.
 
A quem, desavisado,
o tenha por perdido, o inconveniente
espelho a liquidar indiscrições

sugere o que traduz
por desespero que se afaga
à falta duma noite imprevisível,
 
e do silêncio de asfixias
dalgum porvir doutros Narcisos.


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Israel Rozário
Enviado por Israel Rozário em 12/06/2017
Reeditado em 23/06/2017
Código do texto: T6025331
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