“Mas isso não é doçura. Isto é morte.”
Clarice Lispector
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Suspiro
Desvio meu rosto à tua eternidade rouca
que grita aos meus olhos tua forma mouca.
Não te provo ainda na língua viva
ainda que, viva, à espreita vives.
Soberbo é o véu das tuas faces ocultas
que frente ao espelho, ao largo, agitas
e bate em alvoroço as asas dos anjos
nos cantos dos sinos adormecidos.
E quando não for mais preciso
calar o teu gosto no canto da boca
que seja, então, doce o suspiro.