Você pode estar sorrindo agora,
Deve ter escovado os dentes,
Dobrado a roupa de cama,
Tirado dos pés as meias do inverno.
Com certeza deixou o café esfriar
Enquanto aquecia a água do banho.
Seus olhos verdes, às vezes azuis,
Vagam lentamente em pensamentos.
Seu carro está na garagem.
Por enquanto
Ainda há tempo para o último verso,
Outros olhos pequenos aguardam seus braços.
As pontas dos seus dedos massageiam suavemente seus cabelos,
Ainda se ouve a música que vem de dentro.
A água que escorre
No caminho dos seios ao colo
Excitam as melhores lembranças
Do amor de ontem.
O enrolar da toalha é uma dança
Que convida ao par,
Mesmo que seja apenas
Uma imagem no espelho para sonhar.
Caminhar até a beira do leito
É o jeito de enfeitar o dia e a face.
Intenso batom vermelho
Nos intensos lábios vermelhos.
O dia tem poucas horas a serem vividas.
O pão não tem tempo para a manteiga,
O verbo da próxima hora urge no papel.
O céu está bonito, combina com o vestido azul.
De louca, apenas o excesso de perfume
E um lume doido no olhar.
O cachorro late, o vizinho acorda, a música ainda toca,
A rotina pede desculpas,
Mas os dias nunca terminam.
O carro tem pressa, tudo é distante,
Tudo é tão longe, tão longe do amor que teve,
Tão longe do que poderia ter vivido
Se desse ouvido ao coitado do coração.
Mas o não da razão prevalece sobre o sim,
E o fim que nunca existiria
Termina quando as estrelas surgem com força
Num universo estonteante
Que não permite que tudo
Volte a ser como era antes.
 
Mário Sérgio de Souza Andrade -  10/06/2017
MARIO SERGIO SOUZA ANDRADE
Enviado por MARIO SERGIO SOUZA ANDRADE em 10/06/2017
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