Decepção
Neila Costa
Meu querido Brasil,
sinto-te entregue às favas,
posto que vejo, a cada dia,
do teu útero, emergirem larvas,
que se rastejam pelo solo...
e não se vão... às favas!
Daí, choro-te,
diante dessa orquestrada trama...
Filhos que nasceram e vivem no teu chão,
que usam e abusam de seus direitos,
mas que te faltam com respeito,
e por ti não têm consideração.
Meu querido Brasil,
vejo-te tão desnorteado
com a realidade do momento,
vivendo nauseado,
diante de tanta corrupção.
Também, pudera! Não há nação
que aguente tamanho enredo!
Brasil, minha terra prometida,
ainda que hoje subordinado
a uma classe de insensíveis e desalmados,
sem ética e sem moral,
não te deixarei,
mesmo sem luz e sem norte
para a necessária solução.
E se acaso quiseres chorar,
assim como agora eu estou a soluçar
sobre teu gentil e amado chão,
- solo que tantos frutos me deu -
soframos juntos! Dá-me tua mão,
para unidos amargarmos
essa imensurável decepção.