GUERRA DOS OPOSTOS.
Há um sujeito em mim
que quer sair,
brigo com ele todos os dias,
agora nossa guerra
está mais acirrada,
ele me acorda nas noites,
me tira o sono, quer sair e
por as cartas na mesa,
quer pegar suas armas
e desobedecer as instituições,
ele vomita na minha
alma que é resignada,
seus excrementos são a pura
verdade,
ele quer que eu corte as correntes
que o impedem
de dar o primeiro passo,
eu converso com ele,
procuro fazer que entenda
meu os jardins de minhas
ilusões,
esse espaço onde coloco minha
paciência para repousar,
tendo fazer que ele entenda
que a guerra não compensa,
ele me disse com sua retórica
que o que não compensa
é a mansidão absoluta,
ele não admite que furem
nossos olhos,
ele me diz que é preciso
quebrar para reconstruir,
ele é desobediente, não entende
o meio termo,
quer sair , quer ser a mão que
desentorta os redobrados,
estou numa luta cruel,
não tenho tempo para pensar em mim,
as pessoas conversam comigo,
lê na minha paz um paraíso,
ninguém sabe que ele me habita,
nem meus vizinhos, nem minha família,
nem meus mestres,
ninguém sabe que ele escuta
todas nossas prosas,
e que nos meus momentos de silêncio
ele aparece, e me cobra atitude,
ele quer me transformar,
quer a revolução , quer suprimir
as ratazanas,
neste ponto eu o entendo,
dou meu braço a torcer,
estou me esforçando para ser
a mãe da paciência ,
mas ele me aponta as atrocidades,
chego a pegar as chaves para
destrancar os cadeados,
ai olhos meus filhos e minha esposa
que ainda dependem de mim,
coloco as chaves no bolso,
desisto da libertação,
lá fora a industria do crime
de colarinho avassala,
ele me cutuca, vai amarelar?
espero pelo bom senso,
ele me disse não há mais essa
especie nas prateleiras,
vamos transformar. Eu me recuso,
não vou deixar de ser eu,
sempre fui um carneiro manso,
não adianta me incendiar ,
ele se esbraveja,
não sei até quando vou aguentar.