HINO À VIDA

Eu tenho aquela velha sensação de que tudo já foi...

O velho ar blasé dos entediados e dos fodidos

Já não grito nem esperneio mais, sou silencioso como um cadáver

Creio num Deus mais elegante e dantesco do que este que vocês adoram

Sou uma sobra das estrelas que morreram

Nada além de um pingo de uma água venenosa, podre e esquecida

Não vivo, só rastejo...

Numa gosma fétida e disforme onde outros pisaram, nela sou ímpar

Não conheço pares, não vivi algo original, sou uma massa de restos conjugados...

Queria ter uma classe indistinta, uma estirpe a qual pertencer...

Mas só calo e leio...

Só escrevo e durmo...

Só espero e espero...

Até os deuses se chatearem e me chamarem de volta

Ou a natureza me engolir, ciente do erro que cometeu.

Caio Braga
Enviado por Caio Braga em 08/06/2017
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