O trem

Dia e noite, noite e dia

Segue a locomotiva,

Dia e noite, noite e dia

Dos trilhos sempre cativa.

Serpenteia lentamente

Com o peso dos vagões,

Grita e sofre e range os dentes

Corta na noite os grotões,

É um canto intermitente

Machucando os corações.

Na sua lida constante,

Sangue correndo nas veias,

Segue assim o maquinista:

Passa pedra, passa areia...

E a solitária floresta.

Vai em busca do alimento

Pra família tão modesta.

O apito é o grito solitário

Da roda tangendo os trilhos

Contundente e devagar

Até chegar à estação,

Como a nostalgia a rasgar

Dentro do peito o coração

Em suspiros sufocados

Repletos de solidão.

Cida Micossi
Enviado por Cida Micossi em 07/06/2017
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