O trem
Dia e noite, noite e dia
Segue a locomotiva,
Dia e noite, noite e dia
Dos trilhos sempre cativa.
Serpenteia lentamente
Com o peso dos vagões,
Grita e sofre e range os dentes
Corta na noite os grotões,
É um canto intermitente
Machucando os corações.
Na sua lida constante,
Sangue correndo nas veias,
Segue assim o maquinista:
Passa pedra, passa areia...
E a solitária floresta.
Vai em busca do alimento
Pra família tão modesta.
O apito é o grito solitário
Da roda tangendo os trilhos
Contundente e devagar
Até chegar à estação,
Como a nostalgia a rasgar
Dentro do peito o coração
Em suspiros sufocados
Repletos de solidão.