Esperança

A noite que invade a minha janela

não é a noite onde a vida começa

não é a sombra que silencia o dia

não é o noturno dos apaixonados

nem a escuridão dos olhos cegos

É um vazio soturno que desespera,

que me transborda do corpo,

descortina a alma cerrada

e lacera o que dela resta

Uma melancolia pousada

aguardando tragicamente

o derradeiro punhal.

A noite que invade a minha janela

é a noite onde a vida termina.

Mas o sol nasce todas as manhãs,

então:

todas as noites

eu cuspo a cicuta

e sigo

Carlos Alberto de Souza
Enviado por Carlos Alberto de Souza em 06/06/2017
Reeditado em 09/07/2022
Código do texto: T6020490
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