Ópio 2

Você nem esperou amanhecer/

Saiu do escuro/

Pulou o muro/

E disse que estava apaixonado/

Por outra pessoa/

No meio da sala estarrecida/

Me pensei os anos que perdi/

Tentei contra argumentar/

Mas a sua sinceridade aguda/

Me mudou de lugar/

Eu era a ré daquele hospício/

Que eu fazia tudo errado/

Quando sempre quis acertar/

Eu te amei/

Como a nenhum outro/

Mas tu ainda me sentenciou de vulgar/

Num segundo de cólera/

Com loucura/

Gritei a te perguntar sobre o nosso amor/

Você sequer ouviu falar/

Seus olhos fixos/

Num pensamento inoportuno/

Enquanto os meus olhos sangravam/

Enquanto as minhas crenças não acreditavam/

Sua boca produzia incessantemente o nome dela/

Quando sob efeito da dor/

Feri o respeito te agredindo/

Você alí nocivo/

Apenas me olhou compadecido/

E partiu totalmente consumido/

Envolvido numa ilusão/

De que a sua felicidade era aquela infidelidade/

Mortalmente dependente saíste da minha frente/

Pra eu te encontrar refeita/

No caos da boemia/

A me dizer arrependido/

Que você sem mim/

A cada dia morria/

Como um trapo sobre o chão/

Eu sem coração/

Por ter ressecado de sofrimento/

Em nome do meu respeito próprio/

Disse adeus/