JANELA DO EDIFÍCIO

Não sou pássaro...

Não tenho asas, nem sei voar

Mas aqui, no apartamento desse edifício

... Eu pairo sob alturas, e vivo sobre o ar.

Pela janela desse apartamento

meus olhos perambulam o horizonte

e se perdem, pelas ruas, prédios,

luminosos e placas de latas e voltam a vagar

sob o ar, onde o oxigênio do tempo se

mistura com a poluição de fumaça.

Aqui desse apartamento, no meu sedo...

Eu vejo o sol galopando sobre as paredes

dos prédios e o horizonte camuflando-se

sob as sombras do meu tédio...

Eu vejo pássaro vindo da sua mecânica

zumbindo em suas carenagens brancas,

transportando vidas e bombas para

estraçalhar, sua carrancas franca.

Da janela desse edifício...

Eu vejo o transito impedido

Permeando viadutos e pontes

e ao longe, um crepúsculo sob o tempo

de uma tarde sombria, aonde arranha

céus gigantes e casas se camuflam

sob horizonte.

Eu vejo a lua se esgueirando sobre os

telhados, aflorando em seu reinado,

e como se fosse espelho, ela faz

demonstração do São Jorge, dragão

espada e aquele seu cavalo branco.

Aqui de cima, eu fico observando os

mares da vida... Da para ver o semáforo

da encruzilhada assinalando os sonhos

e fazendo do pesadelo, uma parada...

Dá para sentir os pulmões da vida

embebidos pela poluição e stress...

Doentes de bronquites, pneumonia

e outras mazelas clinicas.

Da janela desse edifício...

Dá para ver... Rostos cansados disputando

lugar sob a fila do ônibus e metro, esses

rostos estão voltando do trabalho

da para ver também, rostos apressados e

enfadados correndo para seus empregos.

com medo de perder a hora e embaralhar

seus planos... Da para ver e sentir o mundo

os pergaminhos e os dogmas inventados

por esse ser humano.

Antonio Montes

Amontesferr
Enviado por Amontesferr em 04/06/2017
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