MINHA CASA.
Casa pra mim,
é um local de esconder
das intempéries do tempo,
nada mais a declarar
sobre esta aconchegante
prisão,
porque eu moro mesmo
é em mim,
é daqui que morro e vivo,
que anoiteço e amanheço,
meu corpo é meu templo,
meus atos são as mobílias
que decoro minha sala,
só abro minhas janelas,
quando me dá vontade.
Sou fonte indecifrável
neste móvel instrumento
que perambula sem fim.
Ninguém
saberá como está minha casa,
meu mundo pertence
a mim e a Deus,
sou como qualquer coisa
que começa e termina,
sou o céu e o inferno,
depende de como estou,
sou variável ,
acredito não ser tão diferente
de outras moradas,
todo dia descubro um
campo novo para eu
desbravar,
mudo minha pintura,
quebro espelhos que
me delatam,
remendo rasuras da minha
ignorância,
ponho lâmpadas em quartos
escuros,
me preparo para a decisão
final,
agora mesmo, estou
abrindo uma greta na
minha janela,
para dizer-lhe uma coisinha,
urge descobrir nossa
casa, para poder modifica-lá.