O BÊBADO
Lá fora a noite é densa, o vento arpeja
Sacudindo a ramagem do arvoredo
Ao longe bate a sino de uma igreja
Parece revelar algum segredo
Eu fico olhando o bêbado dormindo
No banco em frente lá na praça
Uma vida que vai se consumindo
Pelo mundo perdido da cachaça
Pobre alma só, tão desventurada
Entorpecida pela dor e ânsia
Do desconforto de sua pousada
Seu cobertor é a noite enluarada
Quem sabe sonhando com a infância
Pelas ruas azuis da madrugada