MINHA SAUDADE DE QUANDO EU VIVIA

Tenho saudade de quando eu vivia

de quando meu coração ainda batia

de quando ainda podia caminhar.

Tenho saudade da minha casa, dos meus filhos, do meu copo de rum.

Tenho saudade das minhas roupas, dos meus amigos, do meu apetite diante do arroz com feijão.

Tenho saudade de sentir dor, de sentir paixão, de sentir ansiedade.

Tenho saudade do meu corpo, de cada articulação, da minha cabeça sempre buscando algo.

Tenho saudade do meu país, das minhas leis, dos meus limites.

Tenho saudade de nadar, de abraçar, de sentir o gosto da água goela abaixo.

Tenho saudade dos reis, dos guerreiros, das poças de sangue restando pós guerras.

Tenho saudade do vento, do olhar, do ônibus não parando no ponto quando chamado.

Tenho saudade do barulho do fax, do caixa do banco sorrindo, da voz eletrônica atendendo ao telefone.

Tenho saudade dos meus tumores, do meu cheiro de suor, da minha vez de ser atendido.

Tenho saudade de filme de Tarzan, dos tempos de colégio, do meu pai voltando do trabalho.

Tenho saudade de disco voador, de subir em árvore, de tomar bronca do diretor.

Tenho saudade de quermesse, de feriado, das roupas passadas sendo colocadas na gaveta.

Tenho saudade do verbo, da máquina de costura, do último teco de bolo.

Tenho saudade de gozar, de dar cambalhota, de não envelhecer.

Tenho saudade do jogo de futebol, das fofocas de corredor, do resfriado que não passa.

Tenho saudade do dentista, da cama arrumada, do adeus na estação.

Principalmente do adeus na estação.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 03/06/2017
Reeditado em 03/06/2017
Código do texto: T6017129
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