O Delírio dos Sons
O Delírio dos Sons
Ao som de uma música bem alto,
O prodígio de alguém que me acompanha no asfalto,
Oiço o ranger dos dedos a fazer os acordes,
O deslizar das mãos sobre as cordas em tons menores,
E o estridente som que me chega ao fundo,
Que voa nos sentidos e me faz abstrair do mundo,
O vôo da águia em velocidade estonteante,
Em direcção a ti, me faz gostar de ser teu amante,
De te sentir a inundar-me a mente,
E nascem-me os sonhos como uma semente.
Simulo tocar o acorde em lá-maior,
E aqueço minhas mãos com teu Sol,
Improviso o deslizar sobre o teu corpo ,
Como quem arrasta o som até ao topo,
Como quem desliza sobre as cordas,
E largo rápido as notas soltas,
Faço o solo uma oitava a cima,
E volto a repetir no Ó e volto à rima,
E se improvisar um pouco nos beijos,
E dedilhar em picado sobre as notas do solfejo.
Faço o acompanhamento em alegreto,
E o sabor dos teus lábios é o sorvete de corneto,
Faço o marcado bater do compasso,
Com meus chinelos de prata e chapéu de palhaço,
E em jeito de ilustre artista,
Reinvento a música e nova melodia,
Fico a olhar-te a galope na luminosidade do dia,
Ou por detrás das siluetas dos meus óculos de sol,
E passo a melodia para mi,
E a batuta para teus brincos de anzol !
Nenúfar 10/8/2007