NOSSOS CHEIROS DE NINGUÉM
Sabemos tão pouco do que somos,
do que podemos,
do que cremos. Sabemos tão pouco
das nossas estradas, dos nossos arremates,
dos nossos poços vazios. Sabemos tão pouco
das nossas rasuras, dos nossos ditadores,
das nossas maçãs.
Sabemos tão pouco dos nossos abortos,
das nossas valsas, dos nossos talvez.
Sabemos tão pouco dos nossos porões,
das nossas poesias, dos nossos leões.
Sabemos tão pouco dos nossos canhões, das nossas miçangas,
dos nossos alçapões.
Sabemos tão pouco das nossas mentiras, dos nossos engasgos,
das nossas despedidas.
Sabemos tão pouco dos nossos pilantras, das nossas tosses,
dos nossos sacis.
Sabemos tão pouco dos nossos filhos, das nossas casas,
dos nossos cheiros de ninguém.
Sabemos tão pouco dos nossos loucos, das nossas cambalhotas,
dos nossos funerais.
Sabemos tão pouco dos nossos vinténs, das nossas recuadas, dos nossos vendavais.
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