Sete Mil Palavras ao Vento
Nos versos dos teus olhos,
Guardo-te em sete mil palavras.
Por todas as tuas traduções imploro,
Transmitais ao ver-me a alma.
Dos teus sonhos, o maior d'eles,
Eu ilumino teu salvo futuro.
Grandes planos, alguns estéreis,
Não se realizam ainda que sob meus traços.
Amo-te ao encontrar-te nas vivas esquinas,
Movimentam-se em mim ensinamentos teus.
Acumulam-se também em meu sangue, tuas manias,
Correm cavalos de pedaços teus no pulsar meu.
Amor meu, aos olhos do povo,
Amor nosso é o de te mentir nas ruas.
Te fazer invisível nas calçadas,
O desfazer dos laços de nossas mãos nuas.
Não há pobreza no verdadeiro poeta,
Aquele que escreve sentado no chão frio.
Faz das poesias suas, brilhos de cometas,
E nas nascentes dos olhos, crescem rios.
Hoje sou poeta sem amor,
Poetisa eleita, a quem faltou o dom das palavras.
Sou minha própria poesia, sem rimar,
Mãe dos filhos do mundo, desfigurada.
E hoje sou um deus, sem se adorar,
E deste modo sou mentira, desacreditada.
Hoje sou rosa, sem perfumar,
Mas tenho em mim todas as pobres margaridas.
___Carolina de Lima Oliveira.