A MENINA DO QUADRO
Se ela crê em Deus
Se tem medo da morte
Se entrega os sonhos à sorte
Se já sofreu com um adeus...
Quantas bocas iguais a minha
Quantos nós se enlaçaram em seus cachos
Quantas de mim dormiram em seus braços
Quantas histórias em suas entrelinhas
Sei que é lindo vê-la brincar
Vê-la correr, se aventurar
Emoldurada na minha janela
Em minhas retinas fez-se tela
A menina que contemplo agora
Tem o sorriso-paraíso à fora
Que me invade coração à dentro
À medida do esquecimento
Ela é feito retrato de infância
Que a gente não lembra ter tirado
Não viu o tempo traçar a distância
Mas se recusa a virar passado.