Sabedor

I
Sei um tanto dos teus segredos,
outros tantos imaginei,
quando louco sofri degredos.
Sei um tanto dos teus segredos,
confiados em tempos quedos,
nas cadentes giras sem lei.
Sei um tanto dos teus segredos,
outros tantos imaginei.

II
Sei um tanto do teu passado,
teu futuro conceberei:
prima-dama do meu reinado.
Sei um tanto do teu passado,
teu devir orientarei
em delírio em que sou-te rei.
Sei um tanto do teu passado,
teu futuro conceberei.

III
Sei um tanto do teu dilema,
e prometo: o decantarei,
prima-dona do meu cinema.
Sei um tanto do teu dilema,
mas garanto: o serenarei
na mixórdia do meu poema.
Sei um tanto do teu dilema,
e prometo: o decantarei.

IV
E por fim, por saber-te tanto,
já de mim quase nada sei.
Vivo cá a prestar-te canto.
E por fim, por saber-te tanto,
já nem sei quem por fim serei.
Tramo só me tecer teu manto.
E por fim, por saber-te tanto,
já de mim quase nada sei.