* Deitada *
(...) Pela fresta da janela,
O anunciar do novo dia.
A luz que invade,
É a luz que me invade.
E no amanhecer,
Visto-me de sol,
Expulsando de perto,
Todo mal,
Todo o sal,
Todo o breu,
De um mundo mundano,
Profano,
Vil.
E na vitrola,
Coloco um disco de vinil.
Visto uma longa saia,
Saia da cor do céu de anil.
Só para poder rodopiar,
( Dançar ),
Corpo,
Alma,
Pensamentos...
E esvoejar !
Na vastidão dessa alma que habita em meu corpo,
Nada mais é, se não o endosso,
De uma permissão permissiva,
Nociva,
Ao teu próprio veneno.
Que no gole,
Fez-se tragada,
Para dentro,
Dentro de si,
Buscando em ti,
Notas florais.....
Musicais,
De uma essência cantada,
Tocada,
Em Sol maior,
E menor,
Tornou-se a sua solidão,
Guardando sem Dó,
Dolorosa canção,
Em Fá ,
Famigerada é a razão,
Lá !
É onde fica o perdão.
Em sobras de Si,
O sim de toda compreensão.
No Ré,
Restos do que nunca foi.
De Mi,
Miragens do que sois.....
E só então,
No depois,
Bailando em seu corpo único,
Como se fossem dois,
Dançou!
Rodopiou.
Àquela valsa prometida,
Passos de uma alma nada comedida...
.........Florida !
Pra só então,
Assim,
Colocar no dia,
O melódico fim...
E no anoitecer,
Adormecer....
Deitada,
Sobre suas flores e sonhos,
Fazendo deles,
Lençóis de cetim!..."