HAVIA
HAVIA
E havia chão
E pisava-se chão
Poucas brumas
Dissipavam-se
Pedras e espinhos
Não impediam o caminho
Feriam mas não matavam
Não tinham peçonha
Tinham vergonha
De impedir o avanço
De estimular o ranço
Havia solidão
Mas havia solidariedade
Havia silêncio
Mas não havia mudez
Havia voz
Mas não havia grito
Agora tô frito
Não sei mais nada
Nas entranhas
Uma coisa estranha
A sensação de inutilidade
Tal qual a poesia
Como diria
Manoel de Barros