O TEU BANDOLIM

O TEU BANDOLIM

Lá longe, meu amor

Bem longe,

Os barcos ainda partem do cais.

Sinto saudade meu amor

Sinto saudade,

Das tuas mãos a acenar entre a nostalgia do vento e o entardecer

Das gaivotas em debandada

E do teu bandolim

Que ressoava no silêncio da maresia

Entre toda a imensidão inimaginável.

Longe, meu amor

Tão longe,

Sobrevive ainda meu corpo nu,

Teu fogo posto

O elogio aos amantes.

Sem saber quem és sorrio.

Sem saber quem sou te dás.

Regressamos ao início.

A plenitude vem soberba junto a nós,

E tuas mãos permanecem em

Meus seios palpitantes de Primavera.

Tuas mãos inquietas, indecisas de menino,

Homem que és.

Ai, esta loucura de estar viva!

Vem somente extasiar-me com um carinho,

Ou mais um hino,

Enquanto os barcos ainda partirem do cais,

Meu amante de Outono, Inverno,

Inferno, Verão ou Primavera.

Trago na pele o odor de todas as madrugadas,

Da alfazema

Quando era menina,

Mas trago persistente o odor de ti e do bandolim

Em todas as maresias,

Trago na saudade a foz de um rio

Perpetuamente renascido em todas as negras tulipas, amado meu,

E esta loucura de estar viva,

E saber que estás em mim.

--

© Célia Moura, in “Enquanto Sangram As Rosas…”

VIDEO: https://www.youtube.com/watch?v=FTX97NSX3eA

Célia Moura
Enviado por Célia Moura em 25/05/2017
Código do texto: T6009140
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.