O RETROCESSO QUE INSPIRA
*Elias Alves Aranha
Zé ninguém não existe mais,
O espantalho não espanta ninguém...
Confidente é alvo do grampo,
Conselheiro não é franco,
E protetor acabou também.
Tempo de meninice é outro,
Solidão o tem outro nome,
Ninguém espanta mais com nada,
Reza não afugentava nuvem pesada,
Não ouvem nossos ais como nas décadas passadas.
Fantasmas não fazem medo,
E medos agora virou bravura...
Tecnologia é argumento novo,
A informática desconfigurou o povo,
Modéstia antigamente era loucura.
Às vezes tenho saudades do espantalho!
A entender o tempo ele muito me ensinou...
O correr das horas me ajudou a decifrar,
Direitos e deveres separar,
Discernir o que o tempo fez mudar.
Observar os segredos dos pássaros, jardins e pomares,
Ajudou pintar meus sonhos e escrever minha poesia...
Fico embevecido ao voltar ao passado,
Abro os braços para um abraço apertado,
No abraço entro no seu coração promovendo alegria.