MORADA
Foram várias as vezes em que nada se encaixou...
Por mais que eu tentasse ordenar
Sei que sou uma Irmandade à parte
Na condenação do desejo, no seu tribunal de culpa e castigo...
Nele pensei também em triplo homicídio...
Mas alguém sempre faltava
E nada aconteceu, como sempre...
Então deixei a realidade de lado
Já que ela sempre foi chata ao extremo
Por isso quis dormir por vinte anos no útero do Universo na companhia duma garrafa de Smirnoff
Entoando canções às crianças não-nascidas
E aos filhos da luxúria desenfreada
Aos quais faço um brinde...
Ao final sei que vestirei vermelho
Eu tenho a cor do inferno pintada na alma
E sou como o quadro distorcido de Bacon
A poesia herege que inspira os serial-killers
Aquele vendaval que varreu o meio-oeste
A lágrima que todos guardam pra si...
Todos que já foram desprezados e conhecem o teor dessas palavras
Do hino das veias saltitantes que imploram pela navalha
O idílico paraíso privado que virou pó manda lembranças de uma fornalha fria
Onde não há maçã nem serpente
Quem sabe nesse lugar de oportunidades eu não faça morada?