MORADA

Foram várias as vezes em que nada se encaixou...

Por mais que eu tentasse ordenar

Sei que sou uma Irmandade à parte

Na condenação do desejo, no seu tribunal de culpa e castigo...

Nele pensei também em triplo homicídio...

Mas alguém sempre faltava

E nada aconteceu, como sempre...

Então deixei a realidade de lado

Já que ela sempre foi chata ao extremo

Por isso quis dormir por vinte anos no útero do Universo na companhia duma garrafa de Smirnoff

Entoando canções às crianças não-nascidas

E aos filhos da luxúria desenfreada

Aos quais faço um brinde...

Ao final sei que vestirei vermelho

Eu tenho a cor do inferno pintada na alma

E sou como o quadro distorcido de Bacon

A poesia herege que inspira os serial-killers

Aquele vendaval que varreu o meio-oeste

A lágrima que todos guardam pra si...

Todos que já foram desprezados e conhecem o teor dessas palavras

Do hino das veias saltitantes que imploram pela navalha

O idílico paraíso privado que virou pó manda lembranças de uma fornalha fria

Onde não há maçã nem serpente

Quem sabe nesse lugar de oportunidades eu não faça morada?

Caio Braga
Enviado por Caio Braga em 23/05/2017
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