VOU-ME EMBORA DE PASÁRGADA
(Joésio Menezes)
Desculpe-me, Bandeira,
Mas vou-me embora de Pasárgada,
Pois lá, um amigo do rei
Levou a minha amada
Para a cama que eu comprei.
Vou-me embora de Pasárgada...
Sim!... vou-me embora de Pasárgada
Na esperança de ser mais feliz,
Pois lá, minha desventura
É tão, tão evidente
Que uma louca de nome Joana
Se diz ser única parente
Daquela traidora demente
Que pra cama se deixou ser levada.
E como não faço ginástica,
Prefiro andar a pé
A pedalar uma bicicleta
Ou montar num burro brabo...
Ficar em casa vendo TV é melhor,
Pois quando me cansa o juízo,
Deito-me no meu sofá
E fico à espera da empregada,
Que me chega contando histórias
Sobre as idas do seu menino
E da filha da vizinha Rosa
Aos arredores de Pasárgada.
Para mim, Pasárgada perdeu a graça
Desde que roubaram minha paixão.
Lá, não mais é seguro
Ao meu pobre coração,
Mas como não sou pragmático,
Sinto-me bem à vontade
Com suas lindas prostitutas,
Que não se negam a me escutar.
E sempre que a tristeza
Se aninhar no meu pobre peito
Por causa daquela mulher
Que um dia se deixou levar
Pela lábia do amigo do rei,
Pegarei uma das prostitutas
Com quem um dia me deitei
E vou-me embora de Pasárgada.