meus POEMINHAS da última semana...
VERSEJADORES...
(autor: Ivan Corrêa)
Sou jardim de beija-flores...
Sou o néctar, sou os valores.
Sou o remo e sou os remadores!
Sou as preces, os cantos e os tambores...
Sou os heróis, os anônimos e os traidores.
Sou os vocábulos e as locuções; os versos e os autores.
Sou o rumor dos peixes; sou as aves, sou os predadores!
MINHA BEM AMADA...
Vento batendo na varanda...
É a poesia que anda
a espreitar o poeta.
A poesia não sabe ser direta...
Chega assim: branda e discreta.
Mexe comigo, deixa minha alma inquieta...
E eu a tenho como minha amante bem-amada!
DOIS BICUDOS...
Duas saudades se sufocam,
dois bicudos
que não se bicam.
Se roçam, se beijam, se socam...
A seguir sofrem, choram, se sufocam.
Se amam e se implicam, ora se dulcificam.
Eles brigam e se pacificam. E se prejudicam!
IPÊ AMARELO...
(autor: Ivan Corrêa)
Palmas para o agosto
que enflorou o ipê
que impera no pasto.
Corou de ouro o vão da janela...
Sol-posto na terra, terra amarela.
Foi o Criador que acordou bem-disposto
E veio ser Deus no agosto do meu pasto!
FUGA DO POEMA...
Não sei mais do poema
que se pôs a me ler sem
antes se deixar escrever!
Fica assim: brincando de se esconder,
agindo a seu bel-prazer; a me constranger...
Deixa o poeta vencido, a se remoer, a se arder;
ao se ver incapaz de fazer o poema nascer e ser!
UM AMOR QUE CHEGOU...
Se a sua boca toca a minha:
saio do chão, caminho no céu...
Sou um rei no beijo da minha rainha.
Se estou nos braços dela, o meu troféu;
o meu peito fica em festa, um escarcéu...
Um amor que ardeu, um amor para chamar de meu...
Um amor que chegou, gostou, se aconchegou e cresceu!
SOU TANTOS...
Sou múltiplo, sou tantos em um;
(que nem sei mais) qual de mim sou eu.
(Seria tão incomum), não ser mais nenhum?
Um perdeu, outro venceu; um morreu, outro viveu.
Um é meu, outro é seu; um se benzeu, o outro é ateu.
Um correu, outro desapareceu; um subiu, outro desceu.
Um se constrangeu, outro se comoveu; outro se dissolveu!
ABANDONO...
Boa noite, amor, onde estiveres...
Daqui estarei ideando os teus encantos.
Antes que se ultime de vez os teus haveres.
Até quando em mim este querer será o comando?
Até quando vou ser dor, até quando seguirei amando?
Queria.... Eu devia ser livre e solto feito um passarinho...
Sem amor sou ave que se perdeu no voo, perdeu o ninho!