Curuçazinho
Em nenhum outro lugar/
Encontrei essa aldeia familiar/
Essa aquiescência maternal/
Versada no tempo normal/
Bem que poderia ser o Éden/
Berço de muitas histórias/
Lutas de vidas e glorias/
Guardadas no seio cativo das mães/
Entre essa terra e o mar/
Que nos cabelos encantados de suas ondas/
Levou-me a procurar/
Esse local, a principio pra descansar/
Até que nos arredores/
Àsombra das tinteiras/
Vislumbrei uma tapera de palha/
Com assoalho de vime/
Entre o igarapé do outeiro/
E o morro da enseada/
Onde a flor do Bacuri/
Com o Martin Pescador fazem morada/
Bem no quintal/
Do Pará/
Pra ser sincero/
Não há nenhum mistério/
Mas como a lua dança lá/
Como a chuva deita sobre a mata/
E a brisa acariciou meu corpo/
Fizeram-me sentir num lar/
Ouvindo taciturno as ondas/
Que segredam a essência da vida com as pedras sem parar/
Os pássaros, entremeados no cheiro do mar/
Fazem a festa/
Para o fim da tarde raiar/
Que dá vontade de parar/
E jamais sair desse Curuçá/