Autópsia

Não sei/

Como é possível/

Vermos pelas ruas/

Tantos jovens vencidos/

Deixando-se iludir/

Pelas novidades exóticas/

Desse nosso tempo amargo/

Se viciando como amante da morte/

De tal sorte/

Que não importa viver/

Não importa amar/

Morrer é a ordem/

Dessa necessidade pueril/

Fomentada só para desafiar deus/

Numa ignorância exacerbada de loucura/

Cujo valor se cativa/

Ao som da voz nociva/

De qualquer harmonia depressiva/

Que bebe-se a embriagues dessa insanidade/

Com essa liberdade solta/

Fazendo legiões de seguidores da dor pelo prazer da dor/

Numa busca desenfreada por bens ou por nada/

Fazendo todos se olharem sob efeito do eucentrismo/

Envelhecendo nessa omissão/

A miséria, o sexo, as drogas e a corrupção/

Tornaram-se padrão na nossa civilização/

Mercadorias salvaguardadas na televisão/

Todos estão curados/

Para produzir o mal/

Se ainda temos chance/

É hora de sangrar a alma/

Para que os nossos filhos/

No próximo amanhã/

Tenham o direito de sorrir/