APENAS UM JARRO
Jarro tosco de barro
Mal talhado e sem requinte
Moldado em argila pura
Talvez em argila bem dura
E talvez por isso mesmo
Um jarro duro de quebrar
Traz as marcas fundas do tempo
Tempo gasto em amar
Mas esse objeto tão rude
Na aparência e sem valor
Ainda traz dentro de si
Uma grande dose de amor
Tal qual lâmpada de Aladim
Que sendo esfregada liberta
O gênio submisso e servil
Àquele que o desperta
O jarro também tem seu gênio
Só que em forma de flor
E ao ser tocado o liberta
Lançando pétalas de amor
E como tudo no mundo
Que o homem molda e faz
O jarro dentro de si
Ainda defeitos traz
Às vezes erra amando
Ou dando amor demais
Mas se ele fere alguém
Não se perdoa jamais
Aos olhos de quem lhe vê
Parece peça banal
Mas tocando-o se percebe
Que de forma natural
Esse jarro sempre aceita
Ser tocado com carinho
E embora às vezes encontre
Pedras pelos caminho
O jarro sempre concede
A todos o seu perdão
Dando amor com lealdade
E justiça a quem tem razão
E esse jarro lhe ama
E tem um coração que é seu
Acredite, meu amigo
Pois esse jarro SOU EU!