Verso rabiscado
sujo e desprezado
foi o fim das rimas,
como a vida rascunhada
a cada dia, em linhas tortas
sofrego momento de respirar
a falta de palavras
e ver a vida sem nexo
embaçada na estrada pontilhada
por lágrimas
musica desalmada
o canto do grilo noturno
o zumzumzum da mosca no vidro
enquanto a noite declina
zumbido no ouvido
apito e apito, alto lá!
deixa-me pensar
rabisco migalhas e gargalho
despautérios semânticos
Baudelaire poeta boêmio
bebia palavras etílicas
e as destilava em folhas
que embriagavam leitores
e o barco levou os sonhos
de Cecilia eu os acordei
em Noturnos, bela prosa
quanto custa folgar os versos?
os deixei à vontade
quiça não voltam mais
ainda estão sujos, mal pensados