São para ti
São para ti
estes risos, rodopios que provoco
à raiz do sangue
São de ti meus dias de amoras silvestres
porque os outros urge torná-los doces…
Os olhos que trago, esses tentam fotografar
no tempo teu rosto
minha audição desperta a essa tua voz
que guardo e degusto
como um vinho de preciosa casta
Por ti
é esta Fénix que trago ao peito como um filho
e me agarra no vestido…
São para ti
todos os poemas -eu que sou uma aprendiz de qualquer coisa
que não sei ou não consinto – mas continuo a plantar árvores, flores
e insónias,
e nunca saberás que são um pouco de firmamento,
tão imperfeito quanto as margens do meu rio.
São para ti
as águas das chuvas que alimentam
todas as palavras que te não digo,
tal como o sorriso das flores em festa
e o cântico dos rouxinóis pelas manhã,
mas aí eu te grito meu Irmão
inaugurando dias novos
beliscando, brincando, dançado contigo
bem no epicentro do precipício,
novo ciclo.
© Célia Moura – A publicar “Terra De Lavra”